A alma da lulu está em guerra.
Deseja um homem que conhece há imenso tempo. Não sabe explicar porquê algo a empurra para longe dele. Como se uma voz lhe dissesse: não vás... olha que depois gostas e ....
Sente-lhe o cheiro, a cor dos olhos, a pele, a boca, o calor do corpo, os cabelos... Tudo. Bebe-o cada vez que o vê. Deseja-o. Como um cão deseja uma cadela com cio. Sente-o à sua volta. Sempre que estão juntos há um olhar, uma energia qualquer que lhe transmite esse desejo.
Contraria-se. Mata-se. Consome-se, mesmo que por instantes. Não vai. Fica quieta. No seu canto. A lulu! Aquela gaja que se atira para as coisas sem medo. Que é impulsiva. Que adora a sedução.
Acho que vê nele uma possibilidade de perdição. Mas não a perdição dos afectos. Tenta não pensar nisso. Antes, sim, a perdição das sensações. Do prazer. Da libido quente e animal.
Apetece-lhe explorar cada centímetro do seu corpo. Beijar, lamber, trincar, farejar, cheirar. Tê-lo. Ouvir os seus gemidos, sentir os seus olhares a pedir mais, a implorar por mais. Sentir esse homem dentro de si. Sentir-se nele.
Confessou-me isto numa noite dessas. Cheia de raiva por não ter coragem de se aproximar. Por se sentir retraída. Por não querer sofrer. Por ser incapaz de dar apenas uma queca. Pelo que a queca tem de bom e saudável. Mesmo assim. Está virada para ela mesma. Farta do caprichos dos homens. Farta da falta de atitude que há nas pessoas. Farta da falta de amor que existe nos que a rodeiam.
Fiquei especada a olhar para ela. Identifiquei-me de alguma forma com as suas ideias.
A noite passou e ficámos na palheta até às quinhentas. Eu, a lulu e a sua alma em guerra...
T.
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