Corpos nus enrolando-se na areia quente de uma praia esquecida pelo tempo.
Olhos castanhos, grandes, sorriso aberto e franco. Mãos na sua pele, suave e quente.
Assim se percorrem, assim se amam. Nus. Naquela praia. O mar nem é de um azul cristalino como nos postais. O mar não é sequer transparente. Está brilhante a reflectir o céu que até tem algumas nuvens a sinalizar proximidade de chuvas.
Estamos em África, numa praia em Moçambique. O calor sufoca e une os corpos. Fá-los alimentarem-se um no outro. Fazem amor sem parar. Anoitece. E ali continuam. Amando-se, partilhando-se, esgueirando-se do mundo que os rodeia. Longe ouvem-se tiros e gritos. Espreitam. Nada senão a embriaguez de uma africana que se diverte com um francês. Há franceses por todo o lado.... E eles ali, na praia, rodeados de gente que não os vê. Numa viagem intensa ao mundo das sensações...
Anoitece. A chuva não se acanha e começa a cair. Uma chuva quente, que cheira a terra. Uma chuva que mal se sente cair. Dançam. Nus. Dançam que nem dois perdidos de braços abertos ao céu...
Toca o telemóvel. Páro esta viagem. O quadro que vi não sei quem o pintou. Mas ficou gravado dentro de mim, imprimindo-me uma nudez que só num lugar como África iría conseguir sentir.
T.
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