
O meu único avô vivo: António
Hoje celebrou-se e estará a celebrar-se ainda o Dia Internacional da Música e do Idoso.
Como falar de música será potencialmente fácil e eu não gosto de falar só de coisas fáceis, vou dedicar este meu tempo de antena aos idosos.
Perdi recentemente uma das maiores referências da minha vida: a minha avó.
Morreu doente, senão teria vivido mais. Foi a experiência mais forte da minha vida. Viver a morte dela, pouco a pouco e dolorosamente.
Felizmente foi uma Mulher feliz. Alegre, lutadora, muito sábia na sua humildade, cheia de bons ensinamentos, de pensares e sentires, de estórias que nos ensinaram coisas e ainda hoje nos ensinam, de dignidade, de coisas que são cada vez mais raras.
Ao mesmo tempo, cheia de filhos seus amigos, que cuidaram dela até ao fim e se despediram dela de pé, com um ranger de dentes e muitas lágrimas. Cheia de netos, amigos, vizinhos, conhecidos que a viveram intensamente. Porque ela nos contagiava a todos.
Sendo hoje o Dia Internacional do idoso, não posso deixar de a homenagear, bem como aos meus outros 3 avós, dos quais, apenas um está vivo: o meu avô António ( na foto ).
Mas essencialmente tenho de dedicar um pedaço deste meu coração estupidamente sentimental e sensitivo a todos os idosos que, ao contrário destes meus velhinhos queridos, não têm o calor e amor dos filhos. Cujos netos não lhes ligam nenhuma a não ser para sacar dinheiro ou ajuda de outra ordem. Àqueles a quem a vida não mostrou a gratidão de um coração que dá e se dá, por inteiro. Àqueles a quem a vida privou de saúde e qualidade de vida. A quem a vida mostrou pouco. Àqueles que não tem senão uma reforma precária, que mal dá para viver. Àqueles que se sentem um estorvo, que têm vergonha porque voltaram a fazer xixi nas cuequinhas e precisam novamente de fralda ou arrastadeira, que cheiram mal porque o corpo humano chega a uma fase em que emana odores próprios da sua desintegração temporal e inevitável. Àqueles que só querem sentir que ainda os acham interessantes, que gostam de os ouvir.
A esses, todo o meu coração, neste minuto.
Porque a vida lhes foi madrasta. Quem me dera poder abraçar-vos e dar-vos um pouco do meu amor.
Meus amigos...Os idosos somos todos nós, se lá chegarmos....
T.
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