Avó Rosa

Amo-te avó.
Hoje vi-te quase sem vida, sei que a morte te espreita. Sei que nunca vais ler este texto, mas também sei que vais sentir, quando fechares os teus olhinhos castanhos que já mal conseguem ver.
Amo-te com bravura, com a bravura que herdei de ti.
Prometo que vou estar atenta às tuas filhas e tentarei apaziguar quando for necessário.
Estás castrada numa cama de hospital mas cuidam muito bem de ti, os enfermeiros são novos e ainda não perderam a sensibilidade.

Amo-te avozinha e estarás sempre viva dentro do meu coração.

Em Abril de 2005 escrevi o texto abaixo dedicado a ti e ainda hoje esta tua frase, o teu tom de voz, estão na minha memória.

És a mulher mais forte que conheci.

T.


Nunca vos passam pela cabeça certas expressões piturescas dos vossos avós?Pois a mim veio esta: "... chega bem, come-se broa....".Dita num contexto que teria de vos contar, mas demorava tanto....Aquele jeito da minha avó falar, aquela sua maneira engraçada de rir, de falar alto, de gritar pelas pessoas quando as chama!Aquela forma tão linda de ser. Sim, eu amo a minha avó.As minhas avós.Uma partiu.A outra já espera a hora, embora resista. E não desiste.E apesar de tudo continua a sorrir daquela maneira.As pernas começam fraquejar, os órgãos a quererem deixar de funcionar, cansados que estão.Velhinha, cheia de vida ainda. Mas doente. Limitada, resignada por ver a força ir embora.Irritada, nervosa...Como eu às vezes. E falta-me aquela voz sábia a guiar-me de luz.Porque ela entende-me como ninguém.T.