O tempo para escrever tem escasseado.
Continuo a absorver imensa coisa sobre a qual até gostaria de escrever mas chego ao fim do dia e não apetece...
Na passada Quarta Feira fui visitar um Canil Municipal. Já fora de horas ( fechava às 15 eu apareci às 17 ). Como que por magia surge um portão aberto e eu, na minha destemida forma de ser, entrei por ali a dentro e perguntei aos dois senhores que encontrei se era possível dar uma espreitadela. Foram super simpáticos. Entrei. O cheiro, sem comentários...um misto de fezes, urina e ração. Escuro. Jaulas e jaulas cheias de cães. Olhares tristes, de uma tristeza que quase não se encontra nos humanos e não estou a exagerar. Talvez por estar tudo no mesmo sítio. Quase me senti num velório. Cadelas prenhas, umas com a ninhada. Cães de grande porte abandonados, de raça pura, rafeiros, de todos os tamanhos. Engoli em seco, de lágrima no olho, a suster a respiração para não desatar a chorar ali mesmo...
Visitei duas salas grandes, uma supostamente o Hotel de cães. Porém aqueles não estavam de férias.... foram TODOS abandonados. TODOS.
Alguma alma caridosa os encontrou a deambular por aí e os levou até ao canil. E são muitos os canis. A União Zoófila está lotada. Tudo abandonado na sua maior parte.
Enfim. Cruzei o olhar com uns olhos verdes que me provocaram uma emoção qualquer. Era um cadela e a sua ninhada. 2 cães amarelos e 2 mais escuros, tom acastanhado e preto mas muito pequeninos... Indicaram-me o mais pequeno de todos. O último a nascer e por ser pequeno.
Saí com um nó na garganta e fiquei de lá voltar. E voltei, 2 dias depois.
Na sexta feira fui novamente ver o cão pequenino mas disseram-me que poderia não resistir. Que não estava a comer bem e que estava possivelmente doente. Voltei a olhar para os olhos verdes que me fixaram. Lindos.
Levei-o à veterinária do canil que o viu e disse que aparentemente estava bem.
Como nestas coisas não pode haver aparentemente e um cão sem qualidade de vida é um problema, fui buscá-lo ao fim da tarde, foi-me entregue pelos mesmos senhores simpáticos.
Tremia. Olhava-me nos olhos com aquele olhar: para onde me vais levar?
Coloquei-o no banco do pendura, que forrei com plastico e embrulhei-o numa toalha de praia com o meu cheiro, para se ir familiarizando. Fez tudo o que um bébé faz... Vomitou ( nunca tinha andado de carro... ). Um cenário bizarro, mas que vale mesmo a pena vivenciar.
Fui directa à veterinária do cão de uma amiga, foi pesado e desparasitado. Faltam as vacinas, que estão para breve.
Sabem o que lhe ía acontecer?
Ía ser abatido. Pois só nos Canis Municipais se abatem cães.
Respiro fundo e tento não pensar no que vai acontecer aos outros cães que me olharam com tanta tristeza.
Esta circunstância até é banal. Mas mais do que um cão sozinho em casa umas horas é um cão não perdeu a vida. E que pode, ainda, ser feliz.
Tenho lido imenso sobre esta espécie que sempre adorei mas que nunca pude ter por não ter apoio.
Agora tenho e digo-vos: quem diz que gosta mas não quer ter.... depois afeiçoa-se e toda uma vida muda.
Com trabalho, muito trabalho. Mas muda para muito melhor.
Dedico este texto a todos/as os/as amantes dos canídeos.
Adoro-te VODKA
P.S - Vodka porque é russo e tem olhos verdes!
:)
T.
2 comentários:
Olá amiga!Voltámos!E estou a ver que há novidades na nossa ausência!Já tens fotos do Vodka?És uma corajosa.Beijocas dos recém casados ;)
estou com 34 anos e tenho tres cadelas, este relato me fez lembrar de um fila de 40 dias, mina mae o colocou dormir para fora de casa, chorei muito mas ela não deixou entrar, então fui dormir ao lado de fora com ele. Nao esqueço dele nunca, alguem deu veneno a ele, não duvido que tenha sido ela pois ele sentia muito ciumes de mim, até hj sinto paixão por esses animais, e se for preciso faço tudo por um filhote abandonado.........................cidamargotti@hotmail.com
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