22 de fevereiro de 2006

O mistério de Veneza...


Era Carnaval e ela estava em Veneza.
Ninguém andava sem máscara. No meio da multidão acabou por se perder.
Havia um romantismo enorme no ar....mistério, magia....

..." Eram tantas as máscaras e as ruas que acabei por querer estar só. Procurei um canto para mim.
Uma rua esguia, meio escura, com uma luz amarelada. A tarde caía para noite. O Sol escondia-se da Lua cheia.
Deambulei ao longo da rua quando de repente me cruzei com um mascarado. Tímido, escondeu-se. Recolheu. Espreitou-me. A máscara era azul... brilhava e tinha um magnetismo que valia só por si. Senti a sua energia. O olhar era-me familiar. Que arrepio. Quem seria ele...
Aproximei-me e olhei-o nos olhos. Eram castanhos. Transmitiam bondade, curiosidade. Receio.
A roupa era negra, com estrelas azuis. Eu, de vermelho. Revestida de veludo, com uma máscara quase dourada. E ficámos ali. A olhar para os olhos um do outro. Era a única coisa que conseguíamos ver. O olhos. Creio que me apaixonei. E ele também.
Tocámos nas mãos um do outro. Senti o ofegar da sua respiração. Não dissemos uma única palavra. Foram as almas que comunicaram, não o corpo nem a mente.

Depois de uns quantos quartos de hora decidimos partir.
Era assim mesmo. Separados, guardando aquela recordação. Para sempre.
E assim foi...".

Um dia, numa esplanada em Lisboa, estavámos na conversa entre amigos e quando dou por mim, na mesa ao lado, um rapaz conta uma estória que se havia passado em Veneza, num Carnaval em que lá foi. Que uma mulher mascarada o olhou e ficaram em silêncio a trocar uma enorme energia. Descreveu exactamente a estória que ela me contou. Não pensei duas vezes. Cheguei-me ao pé dele e perguntei alguns pormenores que me confirmou espantado, ainda meio incrédulo e estupefacto com a minha abordagem. Pedi-lhe o contacto, que me deu com alguma exitação. Nem lhe expliquei o porquê. ...

Arranjei maneira de os cruzar. Num café.
Ela à minha espera e ele tb. Em mesas diferentes.
Cumprimentei-a e de seguida levei-a até à mesa onde ele me esperava.
E comecei por perguntar-lhe o nome. Ele respondeu sorrindo e afirmando que não sabia o que estava ali a fazer, mas que uma força lhe deu coragem....
A minha amiga nem sabia onde se meter...estava roxa. Pensava ela que apenas estava a tentar atirar-lhe com a seta do Cupidon...

Sentámos. Pedi-lhes que olhassem os olhos um do outro.
Riram que nem dois perdidos meio parvos e irritados com a situação.
Coloquei a minha cara mais séria e pedi-lhes que tentassem deixar-se guiar pelas minhas palavras.
Lá tentaram. Olharam-se, a controlar o riso.
Silêncio. Senti uma aprovação mútua. Ele agradou-lhe. Ela tb....
Coraram, sentiram um fanico que nem se deram ao trabalho de explicar.
Por momentos saí dali em pensamento e quando os olhei novamente estava de olhos arregalados um no outro. Será que se aperceberam?
Perguntei.
Não sabiam.
Então tentei explicar-lhes o que acontecera.
Olharam-se novamente, com os olhos ainda mais arregalados. Começaram a descrever as suas experiências no Carnaval de Veneza. Eram iguais. Uma sentida no feminino. Outra no masculino.
Ele era o homem tímido da máscara azul.
Ela a mulher de veludo vermelho.

E o resto....

Foi mágico. Hoje estão juntos, as almas reconheceram a magia transformando-a, com a vivência, num Amor que durará para sempre....


T.

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