10 de janeiro de 2006

Saldos

Ontem andei por aí a ver os saldos... e até comprei umas coisitas...
Mas quando dei por mim estava num sufoco.
Não são só saldos comerciais que estão a acontecer...
As emoções estão em saldos também, sabiam?
Sim, hoje em dia tudo é imediato, tão rápido que nem damos por nós...
E depois, à primeira escorregadela aí vamos nós aos trambulhões directinhos a uma qualquer depressão ou pseudo-depressão.
E depois vem o psicólogo ( perdoem-me os meus amigos e amigas que exercem a profissão ) que cobra uma exurbitância para deixar um indivíduo despejar o que lhe vai na alma e sentir-se melhor. Talvez mais forte até.... Não quero ser redutora, pois existem casos muito graves e Deus me livre de passar por uma coisa dessas. Admiro quem tem coragem de pedir ajuda.

Mas este imediatismo todo não será também doente? Uma ânsia, uma sofreguidão....
Não estaremos hoje muito mais susceptíveis, frágeis, fragilizáveis, sensíveis?
Estaremos nós capazes de dar a volta ao turbilhão que nós próprios criamos, dentro de nós?

Não estaremos nós em Saldos?
Porque mais fáceis de alcançar? Mais carentes?

E carentes de quê?

Olho à minha volta e vejo tudo baço. Homens preocupados com o tamanho das sobrancelhas ( os ditos metrosexuais ); mulheres que se calhar até passam fome para poder por cilicone ou fazer correcções ao que nelas é belo, porque natural ( salvo excepções ); crianças completamente perdidas e desajustadas do conceito de família, com 9 anos e dois telemóveis; jovens na idade da gaveta, do flirt, que consomem droga de uma forma natural, descontraída para poderem afirmar a sua posição rebelde e manifestamente "divergente " do que é "careta..."; etc...etc...etc...

E se umas vezes andamos efemeramente felizes, outras sucumbimos à mais pequena derrota. Tão fracos que somos.

Estamos em Saldos. E creio que tão cedo não deixaremos de estar...


T.

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