24 de outubro de 2005

A Morte saiu à rua

Falei de morte no dia 14. De que andava a lidar com ela, de alguma forma.
O Verdugo chegou e levou esta Mulher de fibra.
Mas não morreu da doença.
Morreu apunhalada pelo filho. Literalmente. Esfaquiada.
A Televisão este presente e na passada Sexta Feira deu nas notícias.
Apareceste na TV da pior maneira...
A tua boa amiga ligou-me de seguida.
Eu nem queria acreditar na tamanha atrocidade que se passou.
Fui para casa, estive com ela.
O Choque foi tão grande que não preguei olho.
Parecia-me ver-te pela casa.
No meu quarto.
Estranhamente no dia da tua morte estiveste a falar comigo. Quase uma hora!
Vieste deixar-me a tua mensagem. És um anjo bom.
Balbuciaste-me que tinha um coração grande e puro como o teu.
Fiquei anestesiada. E como sempre disse-te até amanhã com aquela sensação de despedida.
Eu sabia que mais tarde ou mais cedo irias partir. Por causa do teu cancro.
Saí da sala mas voltei atrás, para te dar um beijinho e te agradecer as sábias palavras que me havias dito.
E fui embora, invadida por um sentimento de tristeza e ao mesmo tempo de gratidão.
Em poucas semanas afeiçoei-me a ti.
Não era difícil. Tu és especial.
E serás um marco na minha vida.
Deixei de fumar por causa de ti, do teu exemplo.
E jurei a mim mesma que me irias servir de exemplo.

Hoje está um ambiente de cortar à faca.
O escritório está frio.
A porta do teu gabinete fechada.
Nos corredores ouvem-se as pessoas a murmurar, chocadas...

Não sei se gostarias de ver-me escrever sobre ti.
Mas depois deste tremendo choque e dor que sinto senti mesmo necessidade de te dedicar um pouco do meu tempo.
Já não vamos para a neve, como tínhamos falado.
Já não ris quando entras aqui.

A morte saiu à rua e entrou na tua casa.

Mas para mim viverás. Na minha memória.


Descansa em paz Teresa.


T.

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