5 de julho de 2005

Pais

Hoje ao almoço, em conversa com uma pessoa mais velha e bastante experiente na vida, conhecedora de inúmeras facetas do mundo, fui-me deparando com a imensa dificuldade que é, nos dias que correm, ensinar, educar, trasmitir valores. Aqueles valores que numa determinada fase das nossas vidas nos parecem absurdos e que mais tarde agradecemos o facto de os terem transmitido...

Num mundo acelerado, adverso e perigosamente libertino, quem não tiver os alicerces certos dificilmente fará face aos obstáculos da vida. E deve ser tão difícil para os pais de hoje controlar este aspecto. Há falta de tempo, há tanta falta de tempo...

Enquanto ouvia esta pessoa a falar sentia o quão grande é o desafio de educar.
De fazer-se ouvir, entender. De incutir os devidos valores às crianças e aos jovens, que, manipulados pelo consumo exacerbado das tecnologias ( hoje uma criança com 10 anos tem telemóvel! ), moldam-se às circunstancias cedendo a uma tal influência que, se em casa não houver uma travagem, mesmo que brusca, ser-lhes-á difícil enfrentar os nãos da vida.

E porquê?

Porque se habituam a uma tal permissividade, vivem em função da conquista do que o outro tem ( mecanismo perigoso para o desenvolvimento de uma personalidade cobiçosa ) que mal se avizinhe uma qualquer adversidade simplesmente não são capazesde fazer frente aos obstáculos, de forma sensata e firme.

Numa das suas divagações filosóficas Goethe disse:

" A educação da criança começa muito antes dela nascer...".

Não posso estar mais de acordo, embora desconhecendo o que é isso de ser mãe ou pai.

Esta sociedade consumista e constranjedoramente arejada faz-nos criar necessidades outrora dispensáveis.

Faço um apelo a todos aqueles que são pais há pouco tempo, comprometendo-me também eu a tentar defender um dia esta máxima:

Deixem os vossos filhos ser crianças, mas crianças a sério...

Não os transformem em pequenos adultos, precoces e cinzentos, preocupados com uma perfeição que não existe. Preparem-nos para a vida sem recorrer à comparação com os outros, ensinando-os que o importante é ser, não é ter. Que o importante é fazer, não é parecer fazer.

E com isto já estou a divagar demais.

Coragem aos pais e mães deste mundo.


T.

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