10 de maio de 2005

Mundos à parte

Quantas vezes paramos para pensar no quão sortudos somos, porque providos dos 5 ou 6 sentidos de que dispõe o ser humano?
A verdade é que a vivência numa realidade normal por vezes nos afasta de outras realidades, bem diferentes por sinal.
Há uns dias atrás deparei-me com esta estranha sensação de espanto...
Estava num café onde costumo ir de vez em quando e que é também frequentado por dois ou três surdos-mudos. Enquanto bebia o meu café e conversava com a dona do mesmo, uma senhora muito simpática por sinal, deparei-me com uma conversa paralela que afectou mais a minha atenção do que se fosse um ruído qualquer. Eram os dois surdos-mudos que gesticulavam efusivamente numa comunicação ágil e silenciosa. Pensei: realmente é fantástica a forma como eles se compreendem.
É claro que a minha natureza melancólica e reflectiva me levou a esta pequena dissertação.

Pergunto: será que saberemos algum dia o preço de viver neste mundo à parte?

Um deles, meu conhecido, contava que tinha sido assaltado não podendo pedir auxílio. Afinal, como poderia ele fazê-lo?
Aquilo entrou-me na alma, perturbando-me de tal forma que acabei por passar um bom bocado do meu período de "pré-adormecimento" a pensar no silêncio em que vivem estas pessoas.
E o mais incrível é o quanto elas conseguem ser felizes. A alegria que consegui ver nos olhos deles enquanto comunicavam...
Isto levou-me de imediato para um sentimento de gratidão a Deus por tudo o que tenho.
Um surdo-mudo vive no silêncio. Apenas vê e sente. Não ouve. Não grita quando precisa de ajuda, como nesta situação de assalto.

Peço a quem ler este meu texto que não sinta somente pena destas pessoas...
Sintam antes uma benção enorme por tudo o que têm.

É que às vezes a nossa " perturbadora normalidade " afasta-nos destes mundos à parte, em que seres semelhantes a nós vivem a sua felicidade de uma forma mais grata, mais modesta e mais sã.


Bem hajam todos eles.


Se quiserem saber mais visitem:
http://www.apsurdos.pt/

T.

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado.

AG