28 de janeiro de 2005

Naufrágio

Um dia decidi partir.
Era criança...
Peguei num barco de papel feito por alguém que já não me lembro.
E rumei para terras desconhecidas...
Pelo caminho encontrei um oceano azul, frio e quase infinito.
Não havia gaivotas, mas havia peixes grandes....muito grandes e com muitas cores.
Encontrei também rochas, ilhas, arquipélagos. Não ancorei em nenhum deles. Acho que por receio de não conseguir navegar mais...
Fui navegando, de mão no leme, com as velas bem soltas ao sabor do vento favorável.
Não vi sereias, não vi Adamastores, nem vi a tal "Ilha dos Amores"...nem tão pouco vi um velho no Restelo...vi muitos velhinhos sim...a dar milho aos pombos.
Cada vez que fechava os olhos sentia saudades de casa, dos braços e abraços da minha mãe e do meu pai.
Adormeci ao sabor das vagas.
Acordei com uma tempestade. O meu barquinho pareceu-me tão pequeno perante tão gigantescas ondas... Tão estranho, tão violento, tão inesperado. Como é que um mar tão calmo, tão lindo se transforma num inferno destes?
Veio uma onda enorme e engoliu-me. Quando senti o barco a revirar transformei-me num borrão de tinta do papel que compunha o barco...
Naufraguei, misturei-me com a natureza e agora estou aqui a contar a estória que me aconteceu.
Não se deixem tombar pelas tempestades que passarem pelas vossas vidas. Arranjem maneira de escapar... transformem-se, cedam, reflitam, pensem, escapem, escapem,escapem.....
A minha viagem não passou de um barco de papel num alguidar azul com umas letras escritas a caneta de filtro que foram esborratando enquanto a agua se ía infiltrando no papel. Tão bom ser criança... tão bom imaginar... tão bom ter um barco de papel para brincar...

Imaginem mais. Sonhem mais. BRINQUEM!!!!!


T.









1 comentário:

Anónimo disse...

É sempre bom ler uma dissertação tão interessante. Não é criativa, mas é, agradável. Precisa de mais ilustração, isto é, mais imagens para a colorir.
Vou continuar a lê-la...