Natal

... Olá amigos.

Dizem que o Natal é a época das prendas, do amor, da paz, da fraternidade.
Pois bem... é bonito o Natal... mas não é para todos...apesar de ser de todos...
Sabem quem eu sou?
Não sabem pois não?
Eu digo-vos rapidamente. Não sou o Pai Natal. Não sou o menino Jesus, embora acredite neles os dois.
Sou um menino que foi abandonado. Sim, é isso mesmo. Abandonado.
O meu Natal são as gaivotas à beira rio. Elas vem ter comigo e eu fico contente.
Fico tão contente. Nem imaginam. Não tenho perú, nem bacalhau, nem azevias, nem coscorões, chocolates, playstations, gameboys,actionmans, pistas de carros, bonecos dos filmes, peluches, jogos, roupa nova, sapatos, perfume, telemóvel...etc...
Não. Eu tenho apenas as gaivotas. E contento-me com elas.
Sou feliz assim, embora sinta muita falta do amor, do calor de um beijo de mãe que nunca conheci. Do olhar carinhoso de um pai que dá um presente a um filho.
Às vezes choro, sabem? Choro quando olho para o céu e vejo as estrelas. Choro quando sinto as palavras das pessoas que andam a pedir nas ruas.
Quem sou eu? De onde vim?
Sinceramente não sei. Fui morto à nascença por uns pais que não me desejaram. A aqui ando, a deambular com as minhas gaivotas. Sim, porque elas são minhas. Tal como o céu, o rio, as pedras da calçada. À noite vê-se a árvore... daqui... Tão estranho. Eu não tenho comer e eles têm tanto... até árvores podem comprar. E esta é bem grande...
Provavelmente já devem estar cheios de pena de mim. Mas não tenham. Porque não vale a pena se ralarem. Eu sou feliz. Sou feliz com as coisas simples que tenho. Às vezes sinto-me só, em especial quando é Natal. Mas fico tão feliz quando vejo os meninos e as meninas passarem na rua de mão dada com os pais, sorridentes. Em família, coisa que não conheço.
Doi-me o estômago. Vou tentar pedir qualquer coisa ali no café. Aquela senhora de olhos castanhos e cabelo encaracolado costuma dar-me pão. Sabe tão bem. Não gostam de pão?


Aos que lerem esta mensagem um Feliz Natal.
E pensem no verdadeiro significado da palavra, parem um pouco. Largem os shoppings, o consumismo.
Olhem uns para os outros. Vejam-se, sintam-se. Abracem quem amam.

T.