17 de setembro de 2004

De regresso

De regresso, trago comigo o vento e aragem de terras que visitei...
No bolso escondo a medo o relógio ...
Não quero senão fechar os olhos e ver tudo outra vez.
Sentir o sal, o vento a beijar-me a toda a hora. Rever aquelas dunas de cor dourada que me amarraram e não me largaram desde então. Puro romantismo. Talvez não. Não sei.
Sei que mais uma vez senti-lhe o cheiro. Aquele cheiro húmido. Cheiro a mato, a praia, a côco, a banana, a mandioca, a bichos estranhos, a pessoas de pele morena...
Cheiro...

De regresso, olho à minha volta e mais uma vez vejo as pessoas. As pessoas habituais, envolvidas nas suas vidas. Quotidiano.
É bom estar cá. Mas melhor ainda é sair e cheirar, farejar, saborear, sentir...o que está longe daqui. O que é diferente. O que nos ultrapassa.
Sinto o vento. E que vento.
Sinto as estrelas num céu diferente, embora o mesmo.
Sinto aquela ausência de luz que dava a este mesmo céu um brilho especial.
Sinto o rio, as palmeiras, as crianças de pés sujos e olhos brilhantes, felizes a brincar nas pequenas dunas.
Sinto a terra de cor de fogo e o azul do céu a contrastar com os milhares de coqueiros em torno dela. Quem os plantou?

De regresso ... à penumbra citadina que me deixa adivinhar um Outono castanho e amarelo e um Inverno frio.
Mas fecho os olhos e sinto o castanho daquele seu olhar. As pestanas. O toque das suas mãos.
Sinto-o inteiro.
Oiço ainda as gargalhadas que deram...juntos...

Estou de regresso. E já me invade esta saudade.


T.







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