9 de junho de 2004

O princípio...

A beleza do despertar reside por vezes no facto de sentirmos toda a nossa evolução como pessoas num determinado patamar da nossa vida. Ora vejamos: quando eramos mais pequenos descobríamos coisas novas com uma constância que nos dava alegria e aumentava esponencialmente a curiosidade para conhecer mais. O primeiro passo, o primeiro brinquedo, a primeira palavra...a primeira vez do escorrega do parque infantil, a primeira vez no baloiço, a primeira vez a atravessar a estrada sem ninguém para nos proteger, a primeira vez que rasgámos a pele com uma traquinice qualquer, a primeira ida à escola sozinhos, a primeira visita de estudo, o primeiro copo, a primeira viagem de fim-de-semana com a escola, o primeiro beijo, a primeira paixão, ... etc...
Todas estas e muitas outras pequenas GRANDES coisas que fomos alcançando de uma forma natural foram-nos moldando enquanto pessoas. Quem é que esquece a primeira vez de qualquer coisa? É sempre a mais marcante.
Se pensarmos por exemplo no momento em que conhecemos alguém e nos apaixonamos recordaremos com saudade tudo o que aconteceu no princípio. Aquela sensação de frio na barriga, o arrepio do olhar, a ansiedade do primeiro beijo...do primeiro toque.
Quantas vezes não vamos lá atrás só para recordar essas sensações iniciais.. Quem nunca o fez? E não é tão bom recordar, por exemplo, a sensação da primeira vez que nos conseguimos equilibrar em cima de uma bicicleta? Ou a primeira vez que conseguimos nadar?
É fantástico o poder da primeira vez. O poder da novidade, do desconhecido.
Mas não esqueçamos que o grande desafio é tentar perpetuar a intensidade do que se sente ao fazer determinada coisa que se gosta. Mesmo que a repetição nos confira uma sensação de acomodação. O desafio é prolongar ao máximo a sensação de bem estar, o valor que algo tem para nós. Isto aplica-se a inúmeras coisas... Claro está que é impossível sentir da mesma forma a vitória de vencer o desequilíbrio de uma bicicleta como a banal volta na mesma quando já se sabe andar. Mas se pensarmos no enorme prazer que é andar nela, se agarrarmos essa sensação boa, entre tantas outras que sentimos e as tentarmos potenciar seremos com toda a certeza mais felizes. Sendo que esta potencialização do bom se traduzirá num enfraquecimento do que é mau ou talvez numa minimalização da dor, do pesar. Porque nos torna mais positivos, ainda que susceptíveis às coisas...


Sejamos felizes. Como no princípio...


T.



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