Está um vento forte. Estou sentada numa duna e sinto as chicotadas da areia nas minhas costas. As ondas do mar batem fortes. Parece querer formar-se ali uma tempestade. Estou sozinha e cheia de medo. Não me consigo mexer. Não tenho força nas pernas. Não tenho mão em mim. Paralisei. O céu, porém, está azul. Não há qualquer vestígio de nuvens ou de chuva. Apenas vento. Muito vento...Uma ventania que abana as árvores, que rodopia os grãos de areia, que levanta ondas gigantescas. Aparecem dois surfistas excitados com o tamanho das vagas... Atiram-se para o mar com aquela coragem que não tenho. Encolho-me nos meus joelhos e fico a ver. Jamais seria capaz de entrar no mar assim...admiro a sua bravura.
Está tanto vento que não me consigo mexer. Que sensação de pequenez esta. Estou dominada.
E os surfistas já entraram, cortando as vagas uma a uma... com um ar tão feliz e espantado. Não é usual a lagoa ter ondas daquelas... E lá ficam, ao sabor dos caprichos do mar. E eu ali, à espera do momento certo para desaparecer. Aguardo que o vento cesse. Parece tão forte que veio para ficar. Será?
E continuo ali, a ver os dois malucos aos gritos e a "curtir" umas belas ondas...
Não faço nada senão observá-los, senti-los, conhecê-los, apreciando cada pequena coisa.
O vento continua forte e persiste em soprar contra mim. Como que a dizer: fica... fica aqui...
E eu deixo-me estar. Não tenho para onde ir nesse dia. Ninguém me telefonou. Não me apeteceu ligar a ninguém. Fico ali, sozinha, como de costume. A saborear o momento em que o vento decidiu beijar-me assim....
T.
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