Hoje vi uma borboleta. Era castanha com asas cor de mel e bolinhas pretas e brancas.
Era uma borboleta tão bonita que me encheu o olhar. Batia as asas freneticamente contra o vidro da esplanada onde estive a tarde toda, no Meco. Enquanto lia ía-me apercebendo da aflição em que ela estava.
Entre os olhos postos nela, no artigo da Xis que estava a ler e os ouvidos na conversa de 3 senhores dos seus 50 e 60 anos que estavam atrás de mim, fui sentindo um crescente mau estar com aquele bater aflitivo de asas. Larguei a mesa e fui até ao vidro tentar socorrê-la ( como se ela soubesse distinguir um gigante com 5 dedos de uma mão amiga...). Fugia da minha mão como o diabo foge da cruz. Tanto andei com o dedo por baixo dela para que ela pousasse que acabei por resolver fazer uma conchinha com as mãos e apanhá-la em segurança sem lhe tirar o pó das asas, o que se traduziría na sua morte lenta. Consegui.
Saí da esplanada num ápice e libertei-a. Primeiro ficou quieta. Estranhamente não se mexeu. Insisti e toquei-lhe de mansinho e começou a esvoaçar, quase incrédula, creio. Acho que já tinha perdido as esperanças de se salvar daquele vidro que a limitava.
Pode parecer-vos ridículo este post, mas a mim deu-me muita alegria libertar aquela borboleta. Tão linda que ela era....
Há pessoas na vida que nos libertam. Outras gostam de nos aprisionar. Outras ainda, fazem-no sem se dar conta. Mas existe sempre alguém ou alguma coisa que nos liberta. Mesmo quando o "vidro" parece não acabar...
T.
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